VIRTUDE OU EGOÍSMO?

“Mal usada, mesmo a mais dura faca perde o fio.” 

Willian Shakespeare

RESUMO:
“Há o homem virtuoso? E o homem egoísta?
O conhecimento dos quadros mentais que levam as pessoas à ação é necessário para todas as pessoas que lidam com pessoas.
Conhecer estes conceitos e os praticar pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso.

Entender o ser humano, no que há de mais básico em suas estruturas mentais, estruturas estas que o conduzem à ação, é básico para aqueles que querem obter e fazer acordos e negócios com outros seres humanos.

O ser humano vive brigando com outros, e consigo mesmo, numa luta desigual buscando a luz onde há a virtude, mas encontrando, muito mais freqüentemente, o egoísmo.

Qual é a realidade, sob ponto de vista da Teoria da Evolução?

Tentaremos expor aqui um dos inúmeros pontos de vista, mas à luz da biologia evolutiva.

Por que somos egoístas?

1º Porque o instinto de sobrevivência faz com que cuidemos bem de cada um nós, individualmente.

2º Na disputa por alimentos o mesmo instinto de sobrevivência faz com queiramos o melhor para nós. O mesmo ocorre em outras escolhas, por exemplo dos abrigos – hoje denominados casas, apartamentos ou favelas-, ou mesmo do meio de locomoção. A disputa chega até as fêmeas para o acasalamento (ou pelos machos dominantes).

Por que somos gregários?

Somos seres gregários, gostamos de viver em sociedade pois ela possibilita, a cada um de nós, mais segurança, conforto, individualmente. Vejamos:

– melhoria da sobrevivência pois o grupo se defende melhor dos perigos e cuida melhor dos velhos, crianças, enfermos e feridos;

– melhoria da alimentação, pois a especialização de tarefas faz com que haja valor na diferenciação das habilidades: o caçador é reconhecido pela quantidade de carne que traz para o grupo, o especialista em pedra lascada pelo fio da pedra que permite tanto matar a caça mais rapidamente, como repartir a carne entre o grupo de caçadores, e assim por diante entre as diversas especialidades necessárias à sobrevivência e ao conforto;

– esta especialização confere valor ao produto da especialidade de cada um, criando naturalmente a troca, já que o caçador tem necessidade da pedra lascada e o especialista em pedra lascada tem interesse em carne, e assim por diante;

– esta troca, freqüente e necessária em nossa história, que é um legítimo ganha-ganha, só passou a ser melhor entendida a partir da Teoria dos Jogos.

Leia o nosso artigo 

COMPETIÇÃO OU COOPERAÇÃO

para entender melhor o que a Teoria dos Jogos, e o dilema do prisioneiro, ensinam para o convívio salutar e produtivo dos seres humanos.

Essa Teoria é da primeira metade do século XX, muito conhecida pelo “dilema do prisioneiro”, pois o fabricante de pedra lascada dá mais valor à carne que ele não tem, do que à pedra lascada, que ele faz com tanta facilidade. O mesmo ocorre com o caçador, que com a pedra lascada traz mais carne, possibilita mais trocas e também aumenta o seu prestígio.

– antes dessa área da matemática elucidar este aspecto, nossa compreensão dos fenômenos sociais não tinha este respaldo, o que se reflete até hoje nas brincadeiras e jogos das crianças: 

“Para haver um ganhador, que ganha prestígio, tem que haver um perdedor.” 

Ou seja, ensinamos o perde-ganha, mas funcionamos no ganha-ganha. As brincadeiras das crianças precisam mudar, assim como, e principalmente, as dinâmicas de grupo aplicadas nas empresas, em treinamento, e a dinâmica de funcionamento de equipes nas empresas;

– o fato de um indivíduo ser reconhecido pela sociedade como virtuoso confere a este indivíduo prestígio, o que se constitui uma boa moeda de troca para outras trocas, enfim, ter prestígio inspira confiança; confiança facilita o estabelecimento da troca e a agiliza;

– aumenta a procriação pois o grupo reunido faz com que os interesses de machos e fêmeas se realizem, melhor, mais frequentes e com maior número de escolhas de amores que conduzam à procriação;

– a própria coexistência do homem e mulher, dentro de relações familiares, vive uma polarização: homens e mulheres, queremos nos unir, mas o convívio de pessoas depende de aceitação das diferenças, o homem e mulher focam-se mais nas diferenças do que nos objetivos comuns… e instala-se a guerra dos sexos.




O AMOR, AH!, O AMOR!
O amor tão buscado, procurado e exaltado conduz a isso, mas até hoje é muito mais freqüente encontrarmos a briga e a incompreensão entre os sexos, do que a harmonia do reconhecimento, da aceitação e da convivência das diferenças;

– o próprio espírito do ser gregário pode ser contestado pois a tribo do lado compete pela mesma caça, as mesmas raízes, os mesmos frutos, e os mesmos parceiros (machos e fêmeas), razão pela qual as brigas e guerras se estabelecem – a caça, a raízes, a fruta e o parceiro do vizinho são sempre melhores! 

Desta forma vemos que os princípios que nos levam a viver em sociedade, a princípio virtuosos, são, em sua essência, egoístas. Só somos gregários pois viver em sociedade apresenta ganhos individuais. Só somos gregários porque somos egoístas. Só somos virtuosos porque somos egoístas.

Aprendemos e, instintivamente, estamos programados a cuidar de cada um de nós, individualmente. A sobrevivência de cada “eu” sempre é e está prioritária.

A ética e a política só visam estabelecer regras claras para o convívio comunitário, dentro de critérios culturalmente aceitos. 

Preceitos estes nem sempre seguidos… Por quê? Por que somos, geneticamente, egoístas… O que explica, mas não justifica!

Estes – ética e política – são o preço que temos que pagar, nós, humanos, por querermos viver em sociedade e sermos, geneticamente,egoístas.

Na nossa sociedade, no trabalho, nas empresas, nas organizações modernas ocorre algo diferente?

Este artigo complementa o artigo da semana passada: “SUA EMPRESA VAI SOBREVIVER?

Se você busca mais do que a simples sobrevivência, se você busca o seu sucesso e o sucesso da sua empresa, você precisa ser e se apresentar como um ser gregário. AMerkatus pode ajudá-lo. Contate-nos.

Construamos uma semana virtuosa.

Você pode imprimir, repassar ou copiar este artigo, no todo ou em parte, contanto que
1º – mantida a autoria; 2º – divulgado o autor e 3º – divulgado o endereço do site  https://www.merkatus.com.br

Carlos Alberto de Faria

Graduado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1972 e pós-graduado em Marketing de Serviços pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 1997. Mais de 40 anos de experiência em Marketing.

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