COM VOCÊ, SEM VOCÊ OU APESAR DE VOCÊ
“O sucesso somente nos permite comprar o bilhete
Henry Kissinger
para os problemas mais difíceis.”
Um dos desafios que os empresários e os empreendedores estão submetidos é, nos casos em que atingem o sucesso tão esperado, continuar, na seqüência, obtendo sucesso, evitando serem capturados na indesejada malha do fracasso
Muitos exemplos mostram que vários empresários, após montarem empreendimentos de sucesso, acabam batendo à porta do fracasso. O que leva a isso?
Dos muitos motivos que levam ao fracasso, como conseqüência natural do sucesso, já relatamos alguns em nosso artigo “Errar É Humano, Mas …“.
O caso é o seguinte: a sua empresa cresceu, aumentou o número de empregados, o sucesso está aparente na sua empresa e nas ações que ela assume frente ao mercado.
Onde então pode ocorrer o erro?
O erro cometido por alguns empresários, que efetivamente não o enxergam, é continuar utilizando-se do mesmo modelo que trouxe a empresa até aqui, até o sucesso presente.
O erro cometido, que estaremos analisando neste Boletim, é uma conseqüência direta de uma das Leis do Marketing:
“Dirigir olhando o retrovisor não nos leva para frente.“
Ou em outras palavras:
“O que trouxe você até aqui, não fará você sair daqui.“
A imagem que melhor representa o que eu quero dizer, é que você, como empresário, passou da bicicleta, para uma Brasília e, finalmente, está a bordo de uma Vectra, e você, agora sonha com uma BMW.
O problema é que a sua empresa mudou, o mercado mudou, os empregados são MUITOS e OUTROS, e o tempo de “a empresa sou eu” acabou.
O empresário de sucesso, possivelmente com a experiência acumulada e o sucesso do passado, persiste em ter as mesmas atitudes e comportamentos administrativos que garantiram seu sucesso de ontem; garantiram, hoje, ele estar num Vectra. E dirige o seu Vectra rumo à frente, com os olhos no seu passado glorioso, com os olhos no retrovisor.
Este é um grande desafio!
Os modelos administrativos e de negócio, que permitiram trazer você e a sua empresa até o ponto onde estão hoje, podem não ser, na maioria dos casos, os mesmo que são necessários para levar a sua empresa adiante, a um novo passo na direção do sucesso crescente.
A parte mais visível desse dilema refere-se ao próprio comportamento e atitude do empresário ou empreendedor.
Deixe-me explicar melhor. O que você fez no passado permitiu construir o seu sucesso de hoje. Repetir o que você se fez no passado, com a empresa maior, o mercado mais amadurecido, novos concorrentes, maior quantidade de empregados, só faz a sua empresa permanecer no mesmo lugar. E, hoje, quem não cresce está diminuindo. E sua a empresa fica patinando, não sai do lugar.
Isso soa familiar para você?
Mas … não adianta só criticar e apontar defeitos. O que fazer?
A minha recomendação, nestes casos tão comuns, é o empresário sair do “quadrado” “a empresa sou eu”, para uma nova postura “a empresa somos nós”.
Em inglês, há duas expressões, que dão bem o sentido da mudança necessária:
– “work in” = trabalhar na empresa, o que o empresário fazia que lhe garantiu o sucesso,
– “work on” = influenciar pessoas para que o trabalho necessário seja feito, tornar-se um líder.
Este é um dos maiores desafios que se apresentam aos empreendedores de sucesso, sair do trabalho do dia a dia, trabalho esse que tanto ele efetivamente fez, que lhe garantiu o sucesso.
Passar esse trabalho para os outros, orientando-os, conclamando-os a seguirem em frente, pois o empresário agora dirige, lidera uma empresa; o seu jeito de fazer a empresa mudou: ele não trabalha mais na empresa, ele trabalha a empresa.
Muitos não se apercebem disso e continuam dirigindo o Vectra com os olhos no retrovisor, perdendo a chance e a oportunidade de, no futuro, vir a dirigir a BMW.
As características das atitudes e comportamentos são, no mínimo, diferentes:
– O ANTES
Antes o empresário “punha a mão na massa”, ele trabalhava junto com os empregados, levava os empregados na caminhada diária, empunhando, ele próprio, a bandeira, descortinando e mostrando o caminho. Só que ele era o dono, e os empregados não o são. Esta é a fase e o tempo de “a empresa sou eu”.
– O DEPOIS
Agora é obrigação do empreendedor, ou do empresário, criar um clima empresarial que propicie uma parceria com os empregados, de tal forma que eles “coloquem a mão na massa” e “vistam a camisa”, com o mesmo empenho com que ele vestiu.
É apontar os caminhos que os empregados percorrerão, é orientar para que o caminho seja percorrido, é ajudar os empregados a percorrerem o caminho. Esta é a fase de “a empresa somos nós”.
E essa diferença, clara e necessária, de atitudes e comportamentos passa desapercebida a uma grande parte dos empresários e empreendedores. Essa não percepção é que provoca a estagnação e o caminho lento para o fracasso.
O trabalho aumentou e, se outros não assumirem, orientados, a empresa empaca, o empresário não percebe… e o sucesso de ontem constrói hoje o fracasso de amanhã.
A mudança de atitudes e comportamentos, do dono que faz, para o dono que influencia, é o caminho do sucesso.
A sua empresa, nestes novos tempos, tem que funcionar com você, sem você ou apesar de você. Sua empresa não é mais somente sua, ela faz parte integrante de uma sociedade, com direitos, deveres e obrigações. Esta foi a grande construção que você fez, você fez uma empresa inserida na sociedade.
Há tempos atrás eu escutei uma frase que me marcou:
“Ser pai é a arte de se tornar desnecessário.“
Com a liderança empresarial não é diferente: a liderança empresarial efetiva conduz o pessoal liderado a se tornar independente do líder. De certa maneira podemos dizer, analogamente:
“Liderar é a arte de se tornar desnecessário.“
Esta é a razão do título deste artigo: sua empresa precisa funcionar bem com você, sem você ou apesar de você!
Esta mudança é simples de ser relatada, mas não é fácil de ser percebida, nem tampouco de ser implantada; mas se fosse fácil não precisaria de você, não é mesmo?
Você, você e a sua empresa estão preparados ou estão se preparando para esta mudança?
Façamos juntos uma ótima semana.
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