AUTO-ESTIMA, ASSERTIVIDADE E RESILIÊNCIA
Os cursos da área de atendimento ao público são, em sua grande maioria, centrados nos processos do atendimento ao público, e isto acaba por produzir uma leva de pessoas treinadas, mas algumas inaptas para o atendimento. O dimensionamento desse contingente de pessoas inaptas ao atendimento ao público, é desconhecido.
Há duas razões básicas para isso: uma é o simples desconhecimento e a outra é uma condição não ética, uma forte razão comercial já que um teste psicológico eliminaria uma grande quantidade de interessados, e pagantes, por este tipo de curso.
Há inúmeras abordagens ao atendimento ao público, enquanto processo, a grande maioria bastante completo e pertinente. O ser humano, enquanto pessoa, é esquecido e, freqüentemente, jogado num curso, como se isso bastasse para assumir essa função de contato com o público.
Eu tenho, para mim, uma verdade no mandamento:
“Ama ao próximo como a ti mesmo!“
Eu “descobri” que além de um mandamento, esta frase é uma declaração: você ama o próximo, como você ama a você mesmo. E esta declaração tem muita correlação com o pessoal de contato com o público.
Esta nova constatação, para mim, informa que somente pessoas com auto-estima elevada devem ser colocadas em posições de contato com o público, pois somente pessoas com auto-estima elevada podem exercer o amor ao próximo, tão necessário à postura desse pessoal de contato com o público.
Eu prefiro a utilização de empregados de “contato com o público”, ao invés de pessoal de “atendimento ao público”, pois a primeira mostra melhor a dimensão do quadro de empregados que necessita ter um perfil psicológico adequado, acompanhado de formação específica nessa área.
Mas voltemos à auto-estima: uma pessoa com baixa auto-estima tende a ser percebida pelo cliente como passiva, como possuidora de um comportamento de pouco caso para com o interesse do cliente.
Já uma pessoa prepotente, que não ouve o que o cliente diz, que interrompe a comunicação do cliente, tende a ser vista pelo cliente como agressiva.
Há uma forte correlação entre o amor próprio da pessoa (a auto-estima) e a assertividade.
A auto-estima (o amor a si próprio) é a base para a assertividade. Assertividade exige o conhecimento de si e o gostar de si, para afirmar, reafirmar e colocar serenamente, mas com firmeza, suas emoções, suas crenças, princípios e valores, para afirmar continuamente quem você é e o que você sente.
Não que a auto-estima e a assertividade sejam as pedras filosofais do pessoal de contato com o público, mas, com certeza, podemos dizer que, sem estas duas características, não se obtém bons empregados de contato com o público.
Os motivos desta necessidade imperiosa de auto-estima elevada e assertividade, no pessoal de contato com o público, são dois:
– sem auto-estima a pessoa não consegue exercer a empatia (sem gostar de mim próprio não estou interessado nem em mim, nem no próximo!), e
– sem assertividade eu posso ficar refém de situações de conflito e confronto, tão freqüentes nessa área (encaro estas situações como se fossem pessoais, contra mim, e não como é o certo, contra a empresa que eu represento).
A própria resiliência – capacidade de retornar rapidamente às condições iniciais após vivenciar alguma situação de estresse – é também maior em pessoas assertivas – já que estas sabem preservar sua integridade, em diálogos nem sempre amistosos. Ou seja, em ocasiões de conflito ou confronto, as pessoas assertivas voltam mais rapidamente à serenidade.
E você, você é assertivo?
Você conhece técnicas de assertividade?
Você conhece o “disco rachado”, o “nevoeiro”, o “questionamento negativo” ou a “afirmação negativa”? E a sentença de três partes?
E o pessoal de contato com o público da sua empresa tem o perfil necessário? Eles conhecem as técnicas de assertividade?
Só para dar uma idéia: o “nevoeiro” é uma técnica assertiva com a seguinte característica: não oferece resistência, deixa-se atravessar por quaisquer coisas atiradas sobre ele, e não reage, não busca retaliação. A pessoa que se utiliza o “nevoeiro”, não nega, nem contradiz o seu interlocutor, não se defende, não sente culpa, não tenta se defender, nem se explica e nem, tampouco, contra-ataca.
Exemplo:João foi solicitado, pelo seu chefe, para entregar rapidamente um relatório de uma ocorrência havida pela manhã. O tempo foi curto e inegociável. Quando João apresenta o relatório solicitado, o chefe exclama:– Você podia ter feito uma coisa melhor, mais fundamentada pelos fatos…– Eu entendo o que o Sr. está falando. Eu acho que, dado o pequeno tempo de preparação e análise, o resultado obtido tem o seu valor. Quais são, exatamente, o seu interesse e as suas necessidades?Note que o que João falou, na primeira frase da sua resposta, é que ele entende o que o chefe disse, o João não disse que concorda. Essa é a técnica do “nevoeiro”.Em segundo lugar, João também conferiu valor ao seu trabalho.Finalizando, João terminou jogando a bola no colo do chefe. Polidamente, sem estresse, sem discussões. João foi assertivo! |
Captou? A semana que vem voltaremos ao assunto.
Leia mais sobre o assunto:
“A Arte De Não Engolir Sapos” – sobre as técnicas e a prática da assertividade.
“Assertividade é …” – sobre o que é assertividade, pois confunde-se muito assertividade com julgamentos.
Faça uma boa semana.
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