TRABALHO NOS TEMPOS PÓS- MODERNOS

1. Todo empregado é um prestador de serviços a uma empresa, pois este fornece um desempenho, diariamente, em troca de alguns benefícios que ele e a empresa acordaram.

2. As tarefas repetitivas estão sendo feitas cada vez mais por máquinas, deixando para trás aquele famoso empregado mostrado no filme “Tempo Modernos”, de Charles Chaplin.

3. A técnica administrativa utilizada nos “Tempos Modernos” é a cadeia de comando & controle, o supervisor dá o comando – ordens – e controla a sua realização de suas ordens pelos trabalhadores (controle);

4. A cadeia de comando & controle traz embutida a definição de padrão  mínimo de desempenho para fora do empregado, para o supervisor, podendo deixar ínfimo o envolvimento e o comprometimento do empregado na realização desse mínimo que, caso não seja obtido, pode levar à punição ou à perda do emprego e de seus correspondentes benefícios.

5. O desempenho é seguir uma receita dada (as máquinas, hoje, fazem isto melhor!). Os supervisores é que passam o que deve ser feito, tirando do empregado o envolvimento e, portanto, o comprometimento da obtenção do bolo obtido com essa receita; se algo dá errado, ele retruca:
– “Eu fiz o que me mandaram !”.




6. O comando & controle pode levar a patamares de desempenho sofríveis, quando “tira” de cada empregado somente um desempenho mínimo, ou perto deste, acarretando custos maiores.

7. Os empregados dos “Tempos Modernos” possuíam baixa qualificação, tinham que seguir ordens do supervisor, manter a produção.

8. O desempenho de cada empregado é dependente do grau de adesão ou comprometimento à empresa que trabalha.

9. O clima organizacional e como o empregado se sente na empresa ajudam a definir seu desempenho.

10. O desempenho do empregado, em tarefas não repetitivas, é uma percepção, diferentemente de uma medida objetiva de produção.

11. Os benefícios percebidos pelo empregado, acordados ou implícitos, refletem-se no serviço entregue por cada empregado: seu desempenho (com isto digo que não importa o que a empresa fornece, importa o que o empregado percebe receber!).

12. O desempenho de cada empregado pode variar dentro de uma faixa, tanto pode ser o mínimo desempenho para fugir da punição, como o máximo em condições que a pessoa se sente “motivada” a dar tudo de si.

13. O desempenho de um empregado que não executa atividades repetitivas é uma opção pessoal sua, variando entre os extremos acima.

14. A pessoa – o empregado de qualquer nível, do mais humilde ao presidente ou membros do Conselho de Administração – é o que faz a diferença, pois o que uma empresa faz é a soma das partes do produto do trabalho de cada empregado, que é o seu desempenho.

15. O sucesso do trabalho conjunto dos empregados é interdependente do sucesso das partes que o compõem, só que diferentemente de máquinas, o empregado não tem um desempenho padrão, este deve ser obtido ou conquistado, dia a dia, hora a hora.

16. A sensação de pertencer à empresa ou ,caso contrário, de estar trabalhando para alguém desconhecido “aproveitar” – sensação de não pertencer – também ajuda ao empregado definir seu desempenho.

17. Ninguém rouba algo que lhe pertence, quer sob a forma de desempenho, quer sob outras formas materiais.

18. O sucesso de uma empresa depende também de como esta administra o desempenho do conjunto dos seus empregados.

19. O sucesso futuro da empresa depende dela conseguir os melhores desempenhos no futuro, ou seja, obter melhores empregados que a concorrência. Melhores empregados em qualquer empresa é fator de chave de sucesso futuro.

20. O melhor empregado não é aquele que detém o maior conhecimento, é aquele que fornece o melhor desempenho.

21. Os empregados de hoje possuem mais qualificação, muitos mais até que seus supervisores ou gerentes.

22. O foco do trabalho dos “Tempos Modernos” era seguir as ordens, a receita fornecida, hoje, diferentemente, é obter o bolo.

23. O desempenho deve ser medido em termos de obtenção de resultados acordados e desejados: o bolo.

24. A receita do bolo deve vir do conhecimento, habilidades e atitudes colocados em ação, praticados pelos novos trabalhadores qualificados: os trabalhadores do conhecimento, mesmo porque as necessidades dos clientes (o bolo) podem mudar numa velocidade maior do que a percebida pelo supervisor, mas detectada por quem está na ponta atendendo o cliente.

25. Estruturas rígidas produzem bolos padrão, estruturas flexíveis podem produzir bolos de acordo com os desejos mutáveis dos clientes mutáveis.

26. O desempenho é, portanto, hoje, um serviço a ser obtido dos empregados a ser entregue aos clientes, e não mais uma simples produção padrão.

27. O papel do supervisor ou do gerente deixa de ser o comando & controle e passa a ser fornecer meios para que os trabalhadores possam desempenhar melhor suas atividades.

28. A empresa deve se cercar de ambientes que promovam o bem-estar do trabalhador e a relação de pertencer à empresa.

29. A atual dinâmica do mercado impossibilita, física e temporalmente, a orientação do empregado, ponto a ponto, já que as necessidades mudam a cada cliente e a cada instante.

30. A existência e a aplicação diária das orientações do tipo “Missão, Visão e Valores”, com os altos executivos sendo exemplos e propagadores, são  condições “sine qua non” para a existência de desempenhos conjuntos superiores, que se tornam o mapa dos empregados para o exercício diário da caminhada real no mercado. As medidas objetivas dessa aplicação diária devem ser periódicas.



31. A necessidade de desempenho superior exige que os empregados tenham autoridade, responsabilidade e comprometimento. Isso somente pode ser obtido com o envolvimento do empregado e com a sua percepção de  pertencer, fazer parte da organização.

32. A empresa, em contrapartida, deve se cercar de trabalhadores de desempenho superior para poder competir no mercado.

33. Para ser uma empresa de desempenho superior há que se ter empregados  de desempenho superior, pois não dá para ter desempenho superior com pessoal “meia boca”.
34. Para ser uma empresa de desempenho superior há que se ter clima e ambiente organizacional que leve os empregados a ligarem sua chave interna da motivação e a sua percepção de pertencer;

35. A empresa para ter um desempenho superior cria parceria com seus empregados criando condições para o auto-desenvolvimento.

36. A empresa para ter um desempenho superior só mantém em seus quadros os empregados com desempenho superior.

37. Este contexto, embora conhecido e dominado, tem encontrado barreiras para sua aplicação; repetindo-se o passado que não apresenta mais resultados satisfatórios no presente.

38. O discurso das empresas brasileiras já é de pós-modernidade, mas a ação, embora presente em algumas poucas empresas, está ainda vindo a passos bem mais lentos …

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Carlos Alberto de Faria

Graduado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1972 e pós-graduado em Marketing de Serviços pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 1997. Mais de 40 anos de experiência em Marketing.

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