Aqui trataremos da rivalidade, da competitividade, do conflito e da colaboração existentes entre pessoas dentro de uma mesma empresa.
Só para começar colocando lenha na fogueira…
O que gera maior produtividade para uma empresa: a competição entre dois diretores ou a colaboração entre dois diretores?
A competição é individualista? A competição visa somente o objetivo pessoal?
A colaboração aumenta a produtividade?
Será que existe competição colaborativa?
Uma empresa deve promover aquele que se coloca antes da empresa que o remunera?
Como tratar destes assuntos tão presentes em todas as empresas, tão mal compreendidos e tão mal trabalhados?
Para iniciar, de forma diferente de como se deu o debate que originou este Boletim, mas para gerar uma melhor compreensão do todo que envolve estes conceitos tão presentes na vida corporativa, vamos verificar qual deveria ser o desejo de toda e qualquer organização que se estrutura para atender um segmento de mercado, seja através de vendas, ou mesmo uma ONG sem fins lucrativos.
Um dos mandamentos, o “mantra” corporativo, é a produtividade. Quanto mais produtiva a empresa, menos recursos ela utiliza para produzir o que se propõe. Isto permite a empresa praticar preços competitivos e maior lucro. Isso é benéfico para toda a sociedade e para as organizações, em particular.
Dentro de uma empresa, para que a produtividade aumente, todos colocam os seus esforços (capacidade física, intelectual, disposição e demais recursos alocados) na produção daquilo que a empresa se propõe. Isto tem um outro nome, além de esforços dirigidos a um mesmo fim ou objetivo, colaboração, onde cada pessoa envolvida coloca suas capacidades físicas, de conhecimento e atitudinais para a consecução do objetivo comum.
Com este enfoque ou frente a estes fatos, a rivalidade interna pode ser sumariamente descartada. Rivalidade significa oposição, acarretando menor colaboração e, portanto, menor produtividade.
Algumas pessoas defendem que uma saudável competição entre pessoas da mesma empresa poderia ser útil, uma vez que competitividade não significa, necessariamente, deslealdade.
Foi citado o caso de duas pessoas que estejam concorrendo ao mesmo cargo. Elas competem ou não? Elas deveriam competir ou não? Foi um bom nó a ser desatado.
Este nó foi desatado da seguinte forma: duas pessoas que competem a um mesmo cargo podem percorrer o caminho da confrontação, chegando ao extremo de um “puxar o tapete” do outro. Qual a pessoa que deve ser promovida?
A minha visão é que, independente da cultura empresarial, aquele que mais conduz seus esforços no sentido de produzir o que deve ser produzido, focado na Missão, Visão e Valores da empresa, deixando de lado possíveis embates pessoais, mostra e demonstra maior capacidade de se ater ao que importa e interessa à empresa, e não a ele próprio. Ele abdica de si a favor da empresa, ou melhor ainda, ele constrói a si, constrói a sua reputação, focando o bem da empresa.
Por isso eu vejo que o mais colaborativo, o mais focado no objetivo empresarial – não o mais competitivo – é que deve assumir o que quer que seja, pela lucidez e objetividade. Desatado o nó. Na evolução deste debate sobre a competitividade interna ficou claro que caráter competitivo entre pessoas é, essencialmente, individual, diferentemente da colaboração, que é conjunção de esforços para atingir objetivos comuns.
Portanto, a competitividade entre empregados descobriu-se agir também no sentido contrário ao aumento da produtividade. Competitividade deve existir entre empresas, nunca entre empregados da mesma empresa.
Portanto: nem rivalidade, nem competição são boas formas de se elevar a produtividade de uma empresa.
Mas ainda não terminou: surgiu o conflito entre duas diretorias, a financeira quer estoques mínimos, e a produção quer estoques para garantir que a produção nunca pare. O que fazer com posições antagônicas, pelo menos na aparência? O que fazer com os conflitos, aqueles debates onde, sob determinado aspecto, ambos tem razão em função do enfoque da área?
Nesta hora chegamos a um ponto onde já temos algo escrito e publicado. Há um artigo, intitulado “CONFLITO: O Bem Necessário“, onde colocamos o enfoque da administração moderna: conflitos são ótimos, cabendo aos conflitantes, emocionalmente maduros, negociar um consenso, onde ambos se comprometam com o acordo.
Nos conflitos eu não vejo competição, mas sim um saudável debate de posições, lógico que conflitantes, necessitando de um “trade-off”, um ponto de escolha negociado, acertado entre as partes e que tenha somente um vencedor: a empresa. E os conflitantes trabalham para que a solução negociada, a solução de cada um deles, seja levada a bom termo.
A liderança deve promover e exigir colaboração, e deve promover e exigir, na ocorrência de conflitos, soluções de consenso negociadas. Quando isto ocorre na sua empresa, podemos afirmar que o líder efetivamente está trabalhando para a construção de uma empresa moderna.
O líder tem a obrigação de servir como “coach”, treinando, orientando e apontando caminhos que visam promover e exigir tanto a colaboração quanto o consenso, que levam à cooperação.
Você e eu somos sabedores que o retrato que eu pintei é ideal. Mas há muitos casos práticos que demonstram haver falta de liderança. Líderes deixam de dar o foco necessário para otimização dos esforços.
Os esforços devem ser canalizados para a produtividade do empreendimento, não em competições e conflitos internos desgastantes. O desgaste e os esforços devem ser colocados no sentido de construção, de obtenção de um objetivo para o qual todos estejam engajados.
E só a colaboração motiva os empregados a trabalhar?
Não! A colaboração só serve para haver conjunção de esforços no mesmo sentido, o sentido da visão da empresa, da concretização de sua missão.
O que motiva as pessoas são os desafios. Desafios que exigem esforços para sua realização.
Vamos imaginar um dono de empresa que tenha dito isto:
– “O ego de cada um dos nossos colaboradores – empregados, terceirizados e fornecedores – é massageado a cada instante pelos resultados compartilhados e comemorados, que construímos pela força da nossa união em busca do nosso destino comum.”
O que você acharia desta empresa?
Ela promove a Rivalidade, a Competitividade, o Conflito ou a Colaboração?
E na sua empresa, como são tratados estes temas?
Façamos todos, irmanados, uma excelente semana!
Você pode imprimir, repassar ou copiar este artigo, no todo ou em parte, contanto que
1º – mantida a autoria; 2º – divulgado o autor e 3º – divulgado o endereço do site https://www.merkatus.com.br