FUI CRIATIVO… ESTOU DEMITIDO!

Hoje em dia encontramos os mais diversos artigos sobre como ser, o que fazer, como se portar, como … blá-blá-bla! São receitas, e mais receitas – prontas ! – do que fazer para garantir o emprego e, cada vez mais, apesar das receitas, o emprego não está garantido.

Este, com certeza, não é mais um artigo com receita para o sucesso. É sim um alerta de que nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que se diz se utiliza, nem tudo que se escreve – inclusive, e principalmente, o que eu escrevo – é a verdade definitiva.

Este artigo foi sugerido por um assinante que se defrontou com um colega que, seguindo um manual desses, empregou a criatividade, de maneira firme e persistente. Foi demitido!

O que você deve fazer no seu emprego? Seguir receitas? Ser criativo? Ser determinado? Fazer mestrado? 

A resposta, a esse questionamento, eu não sei responder de forma direta.

A primeira questão, que todo empregado precisa responder, é:

– “Eu quero continuar nesse emprego?”

Enquanto a resposta for um “Sim!”, não importando por quanto tempo, você precisa, necessita entender o que o seu mercado demanda, o que os seus clientes querem, desejam e estão pagando para ter os seus esforços e competências.

Lembre-se que a definição de competência que eu mais gosto é:

 
Competência é a prontidão ou capacidade de resposta às demandas organizacionais: desenvolvimento, comprometimento e obtenção de resultados acordados.

O que eu estou querendo dizer é que não adianta querer fornecer o que você tem, aquilo que você é bom. Isso pode não interessar ao seu cliente. Está certo que isso pode ter ocorrido por um recrutamento falho. Leia nosso artigo O Desafio E As Competências (I).

(Este Boletim Eletrônico Semanal está com várias conexões para outros artigos e BES, na tentativa de se montar um panorama do Marketing Pessoal.)

A sua relação comercial – empregador-empregado – pressupõe que você entregue seus esforços e seu desempenho, seus serviços, em troca de um salário. 

Portanto, enquanto estiverem pagando para você, e você concordando com o recebimento do seu salário, você deve fornecer seus esforços e desempenho, seus serviços, empregados naquilo que o seu cliente quer, almeja e necessita. E isto não necessariamente é aquilo em que você é bom, aquilo que você se sente bem fazendo.

Isto remete à pergunta feita acima. Enquanto a resposta for um “Sim!”, repito mais uma vez: você tem por obrigação moral fornecer ao seu cliente o que ele quer, o que ele pede, o que ele necessita.

A relação comercial – empregado-empregador – é, essencialmente, um contrato de prestação de serviços. E como serviços, podem e dever ser definidos, clareados pela revolucionária ferramenta dos 5 Rs.

Os 5 Rs, aplicados ao marketing pessoal, estão apresentados no primeiro Boletim Eletrônico Semanal sobre marketing pessoal – A Prática Do Marketing Pessoal Na Prática.

Dentre os 5 Rs, que eu chamo de Fatores Chave de Sucesso, há os dois iniciais – e mais importantes: Relevância e Reconhecimento – que são os Fatores Críticos de Sucesso. Eu tratarei, a seguir, somente do primeiro Fator Crítico de Sucesso: a Relevância. Para maiores esclarecimentos, leia o Boletim Semanal citado acima: A Prática Do Marketing Pessoal Na Prática.




A Relevância no seu emprego
A Relevância conduz, determina a condição “sine qua non” para o seu emprego: você precisa produzir resultados com o seu trabalho, com seus esforços, com os seus conhecimentos, habilidades e atitudes, resultados estes que seus clientes querem, desejam, necessitam e almejam. É aqui que você tem que “botar o ovo”, você tem que gerar resultados esperados e acordados. 

Este é o núcleo da troca na relação empregado-empregador: você fornece resultados – serviços – desejados e acordados e eles pagam o seu salário. Como o empregador paga o seu salário, ele quer receber aquilo que ELE quer, necessita ou almeja. 

Como empregado você pode, dada a sua vivência única, estar enxergando que a empresa e seu empregador precisam de “tal e tal coisas”. Faça sempre o que o empregador quer, não faça “tal e tal coisas”, antes de negociar com ele e, no mínimo, vislumbrar uma tênue concordância sobre a real necessidade de “tal e tal coisas”. 

IMPORTANTÍSSIMO: leia o artigo A Lei Da Expectativa Negociada, em nosso sítio na Internet. 

Note que eu não estou querendo dizer que você deva matar a sua criatividade. O que eu estou querendo dizer é que você não deve pressupor que a necessidade, detectada por você, esteja entendida e clara para todos. Eu proporia uma simples análise do ambiente, do clima, para verificação da real necessidade dessa sua percepção por parte do seu chefe, ou do proprietário da empresa.

Há duas frases, que eu uso bastante, que dizem:

  
 “Há dois tipos de empregados que qualquer patrão deve evitar:
– os que não fazem o que ele manda e
– os que só fazem o que ele manda.”
  
  
  
 “Bons empregados não trabalham para maus patrões…
pelo menos não por muito tempo.”
  
 Ambas as frases são de Bud Hadfield, citadas na revista Exame, de 31.07.1996, pgs. 56-57.
  

A primeira frase remete você a fazer o que o seu empregador está esperando e, devagarinho, prospectar o que ele gostaria de receber, além do trabalho esperado. Jamais proponha uma mudança radical, pois isso é o mesmo que chamá-lo de ignorante. Prefira sempre a melhoria contínua, passo a passo. Se algo mudar muito, mais do que o esperado, credite ao chefe e à equipe. Caso você ache isso subserviência, passe imediatamente ao parágrafo abaixo.

Já a segunda frase remete você à pergunta inicial que eu fiz, e repito agora, mais uma vez:

– “Você quer continuar nesse emprego?”

A receita de ser criativo, pró-ativo, ser um líder situacional, não vale para todos os casos. Num e-mail de chamada para mais um número de uma conceituada revista brasileira, a semana passada, aparece a seguinte frase:

“Num mundo em que competitividade significa flexibilidade e sucesso é sinônimo de inovação, a criatividade é uma ferramenta que faz a diferença.”

As frases soltas, fora de um ambiente de trabalho, parecem ditar regras e normas de conduta. Você segue as regras e é despedido! 

O importante não são as regras, as fórmulas prontas. O importante é atender o mercado, o que o mercado demanda, em especial o seu cliente.

Se você é empregado, seu cliente é seu empregador, seu chefe, seu gerente.

Lembre-se ou leia, mais uma vez, da Lei Do Almoço de Graça. Resumindo, esqueça o que as receitas prontas dizem sobre isso ou aquilo. 

Há um profundo descompasso entre o se prega na literatura empresarial e a prática empresarial. Leia, caso se interesse por este descompasso entre o discurso e ação, nosso artigo “Trabalho Nos Tempos Pós-Modernos, Em 38 Quadros“. Cabe a você fazer a leitura do ambiente, do clima organizacional, da sua cultura específica, e mais especificamente, onde você se encontra para traçar, passo a passo, o seu próprio e único caminho, entre o que poderia ser e o que será, efetivamente.

A condição necessária para a manutenção do seu emprego é:

O seu emprego é seu somente quando você entrega valor para o seu cliente. O seu cliente é o seu empregador ou o seu chefe. Qualquer coisa que você entregue que não seja o que ele queira, necessita ou deseja, é desperdício, representa custos.

Finalmente, mas não por último: essa condição pode não ser suficiente!

Portanto, ser criativo pode ser um péssimo negócio quando quem contratou você espera que você faça muito bem o que foi estipulado, repetidamente, um após o outro, sucessivamente, dia após dia.

Atenda seu cliente. Não abandone sua criatividade, negocie! 

Pensar grande é pensar cliente: o que o seu cliente quer. Isto é pensar demanda.

Um grande abraço a todos e até a semana que vem!

Você pode imprimir, repassar ou copiar este artigo, no todo ou em parte, contanto que
1º – mantida a autoria; 2º – divulgado o autor e 3º – divulgado o endereço do site  https://www.merkatus.com.br

Carlos Alberto de Faria

Graduado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1972 e pós-graduado em Marketing de Serviços pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 1997. Mais de 40 anos de experiência em Marketing.

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