O TRABALHO COMO ELE É

“Toda generalização é perigosa.
Inclusive esta.”

Alexandre Dumas Filho

RESUMO:
“O que todos deveriam saber sobre como encarar o trabalho, mas têm medo de enfrentar? Ou de perguntar?
Um foco que toda pessoa precisa ter sobre o trabalho remunerado que executa.” 

Eu não resisti! E quero dividir com vocês este texto, feito em parceria. O outro autor autorizou-me a publicá-lo.

Numa lista de discussão que participo, um empregado-estagiário, assim denominado a seguir, postou o “e-mail” abaixo (o nome, a empresa e possíveis referências foram retirados, sem influenciar no entendimento do texto):

“Sou novo… estou começando minha carreira agora (1 ano e meio na empresa XPTO)…

E por incrível que pareça, a maior das exigências é algo impossível de se ter na minha idade – “EXPERIÊNCIA”. Esta palavra me perseguiu por vários e vários dias, até que hoje estou aqui. Mas penso que talvez hoje, eu saberia e poderia fazer muito mais pela empresa se ela investisse mais, desse mais atenção.

Mas isto não depende somente da minha vontade, mas é desta forma que penso.”

A partir deste momento, interagimos fazendo perguntas, levando-o à reflexão, culminados com este outro “e-mail” de encerramento:

“Ficou bastante pessoal, parecendo até uma terapia (risos), mas acredito que todos nós que estamos um pouco desanimados devemos responder a estas perguntas. São simples, mas que me fizeram refletir bastante, foi muito bom.”

No meio do tempo ocorreu um processo que é importante partilhar, pois aqui se apresenta um quadro bastante freqüente. As perguntas e as respostas foram estas que se seguem. 

(CARLOS)
1. Por que não depende da sua vontade?

[EMPREGADO]
Pois não sou eu quem decide, tenho contato com minha coordenadora, mas quando chegam na gerência as informações param.

(CARLOS)
Você esperava decidir? Qual era a sua expectativa como estagiário? Você aceita que as informações parem?! Por que você não vai até a gerência e pergunta por que parou?


(CARLOS)
2. O quanto você está inteiro nesta proposta de mudar? O quanto você se empenha em levar adiante o seu intento, na linguagem do pessoal da empresa que você trabalha?

[EMPREGADO]
Já estive mais empenhado, hoje sou estagiário e fiz de tudo para a empresa, me dediquei e corpo e alma e fiz várias mudanças que achava importante. Enfim, me dediquei como um efetivo, mas meu contrato não foi efetivado e sim prorrogado (o que me deixou bastante desanimado), sem férias, 13º, PLR…

(CARLOS)
Você se dedicou de corpo e alma a fazer o que você julgava importante, ou perguntava o que os seus supervisores julgavam ser importante? 

Fazer tudo o que você acha importante é julgar as necessidades da empresa à luz do seu próprio umbigo, o que, frequentemente, não dá bons resultados. Por este motivo, eu perguntava para a minha velhinha, nos áureos tempos:

– “Foi bom para você?”

O nosso desempenho tem que agradar a nós e aos outros. Para agradar aos outros temos que perguntar a eles o que lhes agrada, e não fazer para o outro aquilo que nós julgamos agradável ou importante.




Se você tinha essa expectativa de ser contratado, você a partilhou com os seus supervisores? Você crê que eles deveriam saber qual era a sua expectativa?

Negociar expectativas é abrir a porta para negociações das expectativas dos outros também. 

O medo da mudança é a principal razão pela qual as pessoas preferem falar dos outros, do que falar com os outros; é a principal razão para fechar a porta das negociações das suas expectativas, pois negociar significa abrir também a porta para as expectativas dos outros, o que acarretará em solicitações para nós mudarmos!

Fica mais fácil reclamar dos outros, do que assumir a necessidade de mudança constante, numa interdependência com os seus relacionamentos pessoais, afetivos e profissionais.

Como diz um provérbio inglês, lembre-se que quando você aponta o seu dedo indicador para outra pessoa, três dedos voltam-se para você. Poucos percebem esta linguagem corporal.


(CARLOS)
3. O que você precisaria fazer para ser escutado?

[EMPREGADO]
Hoje fico sozinho no site da empresa (fico no bairro 1 e todo meu departamento no bairro 2), para ser escutado acho que eu deveria ser mais ousado e manter uma comunicação mais ativa com meu departamento (que é bem fechado).

(CARLOS)
Hoje a comunicação é bem facilitada. Veja como nós estamos nos comunicando de uma forma bastante ativa. E eu estou em Bombinhas – SC, longe dessa minha cidade natal umas 8 horas de viagem rodoviária. E você está no bairro 1, e o escritório do seu departamento está no bairro 2: a distância é de um metrô, uns 20 minutos no máximo.

Para ser escutado você deve se comunicar. Os outros são fechados, ou é você que mantém a boca fechada? Se você diz que precisa “ser mais ousado e manter uma comunicação mais ativa”, parece-me que você está com a boca fechada, apontando os outros como fechados! Três dedos estão voltados para você! Ou não?


(CARLOS)
4. O que as pessoas falam e sentem?

[EMPREGADO]
Acham que sou um moleque que está começando a vida agora e que ainda tem muito que aprender (eu também concordo, mas não sou só isto).

(CARLOS)
Você é o que repetidamente faz. Verifique o que você faz…


(CARLOS)
5. Como se aproximar delas e, ponto a ponto, desenvolver uma trilha pequena que leva a um grande caminho que você acredita?

[EMPREGADO]
Sou bastante crítico e não aceito uma opinião pelo simples fato de esta idéia ter vindo de minha coordenadora (por exemplo), gosto de criticar e ser convencido ou convencer. Trabalho bastante com o raciocínio e sou bastante estratégico, isto atrapalha um pouco meu contato.

Outra coisa é que sou mais sério e não gosto muito de brincadeiras, e eles são muito de tirar saro das pessoas e fazer fofocas, e eu não gosto disto.

(CARLOS)
Ser bastante crítico com os outros pode significar que você toma os seus valores e crenças como verdades, deixando de exercer empatia e perceber a diversidade. 

É sua obrigação, como estagiário ou empregado, fazer-se ouvir, fazer-se entender e encontrar a sua contribuição para a empresa que lhe paga.

No que você é útil, no que você foi útil hoje? 

Esta pergunta acima você tem a obrigação de responder todo o dia. 

O que atrapalha o seu contato é uma dificuldade sua, você aceitou trabalhar na empresa e é sua obrigação agregar valor a ela, enquanto estiver recebendo o seu salário ou ajuda de custo. Resolva o seu problema de dificuldade de estabelecer contato.

Sobre as brincadeiras, brinque e divirta-se, pois ninguém sai vivo desta vida. Seriedade, alegria e felicidade não são opostas, podem e devem coexistir.

Sobre as fofocas elimine-as da sua comunicação: fale com as pessoas e não das pessoas. Por exemplo:

– pergunte por que as pessoas tiram sarro uma das outras,- por que elas falam das outras e não com as outras, 

– pergunte às pessoas do departamento por que o dito departamento é fechado,

– pergunte por que a sua idéia “tal” não foi adiante.


(CARLOS)
6. Você afasta as pedras do meio do caminho ou lamenta a existência das pedras?

[EMPREGADO]
Sinceramente, hoje em dia lamento as pedras. Mas estou trabalhando para modificar este jeito.

(CARLOS)
Chorar sobre as pedras não tira as pedras do caminho. Mas garante que você não sai do lugar, nem muda de atitude , nem muda de comportamento de chorar e se lamuriar. Este é o comportamento e a atitude que você escolheu, portanto, como a escolha é sua, só lhe resta reclamar com você próprio.


(CARLOS)
7. Quem faz o seu caminho?

[EMPREGADO]
Eu (é duro responder isto).

(CARLOS)
É o caminho que você escolheu, como falamos na anterior!


(CARLOS)
8. Quem faz as suas escolhas?

[EMPREGADO]
Eu, pelo menos tento escolher, tento não me abalar e escolher ter um ótimo dia sempre.

(CARLOS)
Um ótimo dia vem sempre através da suas ações e das suas escolhas. Se estas forem de adesão aos objetivos da empresa que o contratou, ótimo. 

Se você passa o dia queixando-se do que poderia ter sido, das possibilidades inexistentes, ou do que seria se tudo fosse como “eu espero que as coisas sejam”, você está com pena de você, e deixando a sua vida escapar-lhe entre os dedos, esperando que o mundo agradeça a sua existência. O que não acontecerá!


(CARLOS)
9. Quem escolheu ir para essa empresa e aceitar o desafio implícito?

[EMPREGADO]
Aceitei todos os desafios e enfrentei todos, porém vi que lutei “em vão”. Entre aspas, pois ganhei muita experiência, amadureci muito neste um ano de empresa.

(CARLOS)
Se você aceitou e enfrentou todos, você é uma pessoa realizada. Do que você se queixa?

Lembre-se: não são as pessoas que precisam mudar, você que precisa mudar suas atitudes, comportamentos e comunicação para se fazer entendido e compreendido. O mundo não está aqui para compreendê-lo; você é que precisa compreender o mundo, e se fazer útil!

É sua obrigação ouvir, compreender e se fazer entendido.

Por que em vão? Você fala que enfrentou todos os desafios, mas se mostra sucumbido, apático.

Enfrentar desafios significa mover pedras e montanhas, ou mudar para um outro caminho, mas não desistir, persistir sempre. 

Suas tentativas e desafios só estão em vão porque você está chorando sobre as pedras. Remova-as ou as contorne. Persista no norte, e pare de ter pena de você.

Se você precisa dirigir o foco da sua empresa, ou as atitudes e comportamentos dos seus empregados, para os resultados esperados e negociados, a Merkatus pode ajudá-los na obtenção de maior produtividade. Contate-nos já.

Construamos uma ótima semana!

Você pode imprimir, repassar ou copiar este artigo, no todo ou em parte, contanto que
1º – mantida a autoria; 2º – divulgado o autor e 3º – divulgado o endereço do site  https://www.merkatus.com.br

Carlos Alberto de Faria

Graduado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1972 e pós-graduado em Marketing de Serviços pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 1997. Mais de 40 anos de experiência em Marketing.

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