Sabemos hoje que há uma forte correlação entre capacidade de aprender e agir e a auto-estima. Esta é a razão pela qual se preserva tanto a auto-estima dos empregados no mundo empresarial.
Com as crianças, em escolas, não é nem um pouco diferente. Diz-se que as crianças com auto-estima elevada tem seus canais abertos para aprender.
O empregado deve ter sua auto-estima promovida e mantida, pois empregados com auto-estima elevada produzem mais e melhor. Pesquisas de satisfação dos empregados são feitas, pois desde os anos 90 descobriu-se que o fator que mais promove a fidelização do cliente é a própria satisfação do empregado.
Os pais, educadores e o ambiente familiar e escolar devem promover também a auto-estima das crianças, para que elas possam desenvolver-se, possam aprender, interagir com o ambiente em que vive, estando com todos os “canais” abertos para aprender e apreender o mundo.
Não somente preservar a auto-estima, mas resgatá-la e promovê-la, e a correspondente e complementar autoconfiança, são pilares da educação moderna e, no mínimo, uma exigência já contida no Estatuto da Criança e do Adolescente.
CAINDO NA REAL encontramos o seguinte:
Alguns professores e monitores creem e praticam “não dar moleza” para as crianças, culminando neste exemplo real:
uma criança de uns 4 anos, ridicularizada e humilhada pela professora, na frente dos coleguinhas, por ter pisado em cocô de gato, que havia no pátio da escola, que a princípio era todo dia lavado.
Isto acontece – e nada é feito -, pois existe uma cultura corporativa, tanto no meio dos professores como dos demais responsáveis pela educação, acima e abaixo dos professores, que sustenta e mantém estas práticas.
Há certa aversão e cumplicidade de uma grande parte da classe de professores contra o Estatuto da Criança e do Adolescente. O desconhecimento total e integral do texto também é bastante comum, além da repulsa, quase instintiva, que causa falar neste Estatuto entre professores e entre os próprios dirigentes.
O corporativismo dos professores e dirigentes leva a menosprezar as reclamações dos alunos, que são tidos como mentirosos e criadores de história. Em muitos destes casos freqüentes encontra-se a omissão dos responsáveis, em outros a conivência, em outros a total ausência.
A distância das pessoas, com cargos eletivos e comissionados, a estes fatos, pois mexer com isso significa indispor-se com os professores e se aproximar de crianças “com piolho”, leva estas pessoas a administrar a partir do universo visto de sua escrivaninha, em escritórios com ar condicionado, longe da realidade dos fatos reais e das crianças, crianças que deveriam ser o principal motivo da existência das escolas e secretarias…
Puro comodismo e corporativismo.
E são filhos dos pobres, mesmo…
Estas ausências, conivências e omissões se dão com muito mais freqüência em escolas onde a necessidade de acompanhamento seria maior, onde o resgate da cidadania se mostra mais necessário, nos ambientes escolares que prestam serviços aos menos favorecidos, pois é onde se encontra o pessoal menos preparado, com menor letramento, para usar um termo da área.
Como disse Darci Ribeiro, as professoras e dirigentes fogem da pobreza, levando consigo, nessa fuga, a possibilidade de resgate da cidadania que está em suas próprias mãos.
Leia aqui os demais artigos desta série de horror:
CAINDO NA REAL: Os Erros Da Educação
CAINDO NA REAL I: A Síndrome de Tássia Xando
CAINDO NA REAL III: O Berço Esplêndido
CAINDO NA REAL IV: O Povo É Gado
Até uma próxima oportunidade.
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